quinta-feira, 5 de junho de 2014

UMA RESPOSTA AO LEGALISMO DE ALGUMAS IGREJAS PENTECOSTAIS

 
A Bíblia proíbe que a mulher evangélica use joias, batom, calça comprida, ou corte o cabelo? “Sim”, dirão muitos. “Não”, dirão outros.
 
Nós os batistas desde muito tempo já temos nossa posição sobre o assunto. No entanto, somos criticados por nossa posição. Muitos nos chamam de liberais e alguns chegam a afirmar que nós somos iguais aos católicos.
 
Infelizmente alguns “irmãos” de igrejas pentecostais, neopentecostais e renovadas chegam a levantar falso testemunho contra os batistas, alegando para tal o fato de que somos apegados ao mundo devido nossa maneira de encarar a vida cristã.
 
Alguns “irmãos” pentecostais se tornaram especialistas em visitar os novos decididos da igreja batista para daí então, repassarem seus conceitos legalistas para aqueles que ainda não sabem como se defender.
 
O que fazem tais ‘irmãos”? Usam a Bíblia erradamente para daí criarem dúvidas na cabeça dos novos decididos. Alegam santidade absoluta. Alegam estarem com a verdade.
 
E como se fossem donos da verdade e sendo os únicos a conhecerem a Bíblia lançam suas ideias contra o uso de barba, bigode, joias, batom, unhas pintadas, calça comprida e corte de cabelos.
 
Alguns são audaciosos e lançam suas “experiências” tentando assim convencer os novos decididos a passarem para a sua igreja, que é sempre a mais santa, mas poderosa e sem nenhum problema moral.
 
Visando uma resposta para tais “irmãos” é que os argumentos que seguem devem ser usados, pois os mesmos estão baseados nos textos que eles mais usam para daí criarem dificuldades para os cristãos membros da igreja batista.
 
Para tal, resolvi transcrever como resposta para tais “irmãos” um artigo de Ricardo Gondim, uma pastor pentecostal que escreveu o livro “É proibido” . Transcrevo de propósito, exatamente para calar a boca de muito “santos” que criticam o uso de batom, de calça comprida, de etc., mas mentem, levantam falsos e não cuidam da língua.
 
‘... Depois de discorrer contra a barba, advertiu que não permitiria a quebra das tradições dos antigos fundadores daquela denominação. O ambiente fechou-se como se uma carregada tempestade estivesse pronta para abalar toda a igreja; Ezequiel, mais barbado ainda, levantou uma de suas mãos, pedindo a palavra. O pastor acenou que permitiria a pergunta logo que terminasse de dizer o seu recado repressivo.
 
Ezequiel, ao contrário do que se esperava, indagou com doçura; queria saber, não contestar: - pastor, há bases bíblicas para se proibir o uso de barba? Como podemos biblicamente condenar um jovem que deixe à sua barba crescer? – Indagou sem acrescentar uma nova ruga à sua testa sempre contrita.
 
Com essas duas perguntas baixou a mão e aguardou a réplica.
 
O pastor solenemente abriu sua Bíblia e com ares de vitorioso pediu ao coral que o acompanhasse na leitura de Gênesis 41.14:
 
Então mandou Faraó chamar a José, e o fizeram sair apressadamente da masmorra; ele se barbeou, mudou de traje e apresentou-se a Faraó.
 
O pastor explicou que José, preso em um calabouço no Egito, não pôde barbear-se por um longo período; no entanto, por ser homem de Deus, não quis dar um mau testemunho a Faraó. O que pensaria o rei ao ver um homem de Deus barbado? Assim, para comparecer à presença do rei, José barbeou-se como todo autêntico servo de Deus deve fazer. A maneira como desenvolveu seu raciocínio não apenas silenciou todo o auditório, como constrangeu Ezequiel. Sem ter como contestá-lo, todos aceitaram a argumentação; por outro lado, todos saíram amargurados. Aceitar não significa, necessariamente, convencer-se.
 
O pastor usou um recurso de argumento no mínimo desonesto. Retirou a passagem do contexto.
 
Desprezou centenas de outros textos nos quais homens de Deus aparecem usando barba. Além disso, exigindo uma adesão irrestrita aos seus argumentos, subestimou o bom senso de seus ouvintes.
 
Sempre que se faz uma abordagem casuística da Bíblia gera-se erro doutrinário. Uma falha desse tipo, apesar de não possuir a mesma gravidade de uma heresia, deve ser combatida. É verdade que errar na compreensão dos textos bíblicos é uma possibilidade a que todos nos sujeitamos; porém, quem tem compromisso com a verdade não pode tolerar inexatidão.
 
Todo cristão deve humildemente aceitar sua falibilidade, porquanto ninguém é onisciente. Sabemos em parte, não possuímos esse atributo divino que reúne todo o conhecimento. Ademais, somos pecadores. Nossos processos de aprendizagem e compreensão da verdade tem sido maculados pela queda original. Todas as vezes que abrimos a Bíblia, devemos admitir que nossa compreensão do que está escrito é parcial, falha e passível de incorreções.
 
Ninguém deve espantar-se porque há diversas interpretações sobre os ensinos da Bíblia. Cada pessoa filtra o que lê através de sua cultura, preconceitos e ensinos que lhe foram passados por outras pessoas. Não sendo Deus autor de confusão (I Co 14.33), sabemos que a falha em não compreender corretamente o texto não é dele ou da Bíblia. A falha é nossa; simplesmente usamos nossas lentes da tradição e de nosso preconceito.
 
Uma das máximas da Reforma Protestante do século XVI consistiu no princípio de que todo cristão tem o direito de interpretar as Escrituras sem o cabresto de uma elite religiosa. Esse direito, certamente influenciado pelo ambiente da Renascença, dá a todos os indivíduos liberdade de lerem e entender o texto segundo sua própria determinação. Essa faculdade, entretanto, pode gerar compreensões díspares, radicalmente contrárias entre si.
 
Os reformadores, ao proporem o direito individual de interpretar a Bíblia, não pretendiam gerar uma barafunda doutrinária. Eles também apresentarem outro princípio quando colocaram as Sagradas escrituras nas mãos do povo.
 
Os reformadores ensinavam que há uma verdade objetiva nos livros sagrados. Isso significa que, quando lemos um referido texto, podemos entendê-lo à nossa maneira, mas a verdade nele contida não depende de nossa interpretação. Em outras palavras, um texto não deixa de transmitir a mensagem que seu autor pretendeu só porque gostaríamos que ele significasse outra coisa.
 
Quem lê a Bíblia pode encontrar milhares de aplicações para um determinado texto, mas deve achar apenas uma interpretação. Deus não concede a ninguém o direito de distorcer o significado da Escritura. Essa ciência de compreender e interpretar corretamente o texto chama-se Hermenêutica.
 
Quando se violam as regras de hermenêutica, dependendo da gravidade da infração, geram-se erros ou heresias.
 
Pela falta de fidelidade à hermenêutica, muitos textos da Bíblia são lidos e comumente distorcidos para se moldarem à doutrina de uma denominação. Às vezes, violam-se regras básicas e, quando fica óbvio demais a ponto de não ser possível o uso da Bíblia para autenticar doutrinas humanas, advoga-se que estas advêm da tradição da igreja. Tais doutrinas por assim desejarem seus sectários, devem se obedecidas por seus membros sem quaisquer indagações.
 
No Brasil, repete-se muito esse recurso autoritário, muitas vezes irracional. Há líderes, apoiando-se na autoridade de seus cargos e títulos, exigindo que seus pontos de vista sejam admitidos sem qualquer argumentação. Ordenam que os crentes cometam uma espécie de suicídio intelectual em nome da tão aclamada ‘submissão”.
 
Veremos abaixo alguns textos que servem de apoio às doutrinas anacrônicas sobre usos e costumes nas igrejas.
 
O BEZERRO DE OURO NASCEU DA VAIDADE?
Algumas igrejas evangélicas usam o texto de Êxodo 32.2 com o argumentação de que as jóias das mulheres judias foram pedra de tropeço para o povo judeu.
 
Nessa linha de raciocínio, afirma-se que o ouro que os judeus saquearam do Egito só era útil para fazer ídolos. Sustenta-se que as mulheres que servem a deus hoje, ao usarem ouro, serão igualmente tentadas à semelhança do relato bíblico e ter-minarão edificando ídolos. Esse texto pode, de fato, ser alegoricamente usado para dizer que o uso de joias e adornos leva uma pessoa a rejeitar o deus verdadeiro e a reverenciar um falso deus.
 
Entretanto, entender o texto acima como sendo uma boa argumentação para considerar vaidade o uso de joias e adornos, significa descartar vários outros textos em que o mesmo ouro também foi usado para construção do tabernáculo (Ex 36.34-38), dos utensílios de culto e da própria arca do concerto (Ex 25.11-130.

O que se pode compreender dessa passagem é que o povo estava peregrinando no deserto sem a possibilidade de garimpar uma pepita de ouro sequer; sendo assim, qualquer objeto de ouro que se quisesse compor deveria ser doado pelas pessoas.
 
Quer dizer, o mesmo ouro que servia para fabricar um ídolo também era útil para confeccionar os querubins da arca do concerto. Para tal confira o texto que se encontra em Números 31.50.
 
O que deduzimos a partir desse texto é que o uso de joias em si mesmo não está errado. Nossas posses é que podem ter destino correto ou maligno, dependendo de onde e para onde está inclinado o nosso coração.
 
O TEXTO DE DEUTERONÔMIO 22.5 PROÍBE QUE AS MULHERES USEM CALÇAS COMPRIDAS?
Há igrejas que proíbem, terminantemente, às mulheres o uso de calças compridas. Utilizam, para tal, Dt 22.5. E agora?
 
Para entendermos o texto devemos considerar o seguinte:

Quais eram as diferenças entre as vestes masculinas e femininas nos dias de Moisés?
 
As palavras hebraicas usadas para denotar casaco, capa, cinto, são empregadas indistintamente tanto para designar vestes masculinas como femininas. Diferenciava-se o gênero de uma vestimenta como parâmetros diferentes dos nossos. Muitas vezes as roupas de um homem e de uma mulher eram exatamente iguais. Distinguia-se uma da outra, unicamente, pela finura do tecido usado para confeccionar as roupas das mulheres.
 
Daí, partimos para o nosso primeiro argumento:

O que uma sociedade estabelece como indumentária masculina e feminina não vale necessariamente para outra região geográfica.
 
O segundo argumento:
As roupas e tradições variam de geração para geração.
 
Exemplificando: Aquilo que se determinava como roupa masculinas duzentos ou trezentos anos atrás, pode ser hoje um traje muito afeminado, como é o caso das calças justas usadas pelos navegadores, ou dos brincos que os piratas ostentavam nas orelhas.
 
Na verdade quando Deus ordena que a mulher não se vista com roupas de homem, ele não está escolhendo certo tipo de roupa, mas apenas rechaçando o travestismo.
 
O ideal de Deus é que os homens queiram ser homens e as mulheres desejem ser mulheres. A mensagem de Dt 22.5 é um princípio e não uma lei sobre moda.
 
Não só isso. Quem tiver interesse em colocar em prática Dt 22.5, deve colocar em prática também 22.8-12 e 21.18-21(Veja os textos: os legalistas fazem o que re-comenda os referidos textos?). Bem como, deve colocar em prática também Levítico 19.19 e  Números 15.38. Alguém se arrisca?
 
O PECADO DE JEZABEL FOI O USO DE PINTURA;  MAQUIAGEM?
Muitos usam o texto de II Rs 9.30 para afirmarem que o que levou Jezabel a morte foi o uso de o pecado do uso de pinturas.
 
Quem faz tal afirmação nem conhece os costume dos reis e rainhas daquela época. E, o que é pior, não sabe interpretar a Bíblia.
 
Os pecados de Jezabel se encontra em registrado em I Rs 18.13,19; 21.8-15, 19,23; II Rs 9.22b(Assassinato, idolatria e feitiçaria).
 
Jezabel foi condenado pelo Senhor, não pelo fato de usar pinturas, mas pelo fato de apregoar a idolatria e praticar a feitiçaria.
 
A CONDENAÇÃO DAS MULHERES ALTIVAS DE SIÃO CONDENA O USO DE ADORNOS E ENFEITES?
O texto de Isaías 3.16-26 pode, numa leitura muito superficial, também aparentar que Deus está condenando o uso de adornos e enfeites nas mulheres de Sião.
 
Uma pessoa desarmada de preconceitos, entretanto, fica clara que a retirada desses enfeites veio como castigo de Deus por um outro pecado; andar de pescoço emproado, com altivez de coração.
O pecado aqui não é o ornamento, e sim a prepotência.
 
Contudo, pode-se ainda argumentar que foi o uso de joias e de adornos que tornou essas mulheres arrogantes e altivas. Sim, é verdade que uma pessoa altamente preocupada com jóias, moda e adornos, pode tornar-se ainda mais arrogante.
 
Mas a preocupação obsessiva com outros valores também pode gerar soberba.
Paulo advertiu a Timóteo que o amor ao dinheiro pode levar a um fracasso espiritual (I Tm 6.6-10). Provérbios ensina-nos que a comida, o sono(Pv 20.13) e o sexo(Pv 5.18-20), desde que mal usados por nós, também podem ser danosos.
 
Jesus, de igual maneira, mostra-nos que ofertar na igreja(Mt 6.1-4), orar a Deus(Mt 6.6-8), ou até mesmo praticar jejum(Mt 6.16-18), podem tornar-se grandes perigos espirituais.
 
Deve-se entender que, assim como ninguém de bom siso acha que o problema está no dinheiro, na comida ou no jejum, o problema não estava nas joias e enfeites, mas sim na atitude do coração daquelas mulheres.
 
Muitas vezes as pessoas cuidam de corrigir hábitos e tentam desesperadamente formular uma doutrina que conserte a tradição das pessoas.
 
O problema, porém, nem está naquele hábito ou tradição. Uma jovem rica pode não ter o seu coração voltado para joias; para ela o uso ou não de brincos pode não trazer consigo qualquer valor moral. Por outro lado, uma mocinha pouco abastada pode fazer do uso de um cordão de ouro uma busca doentia.
O uso de joias, contudo, pode não ser importante para nenhuma delas, apesar de uma ser abastada e a outra não. Ambas, no entanto, correm o risco de supervalorizar esse uso.
 
O pastor, então, deve preocupar-se em admoestá-las a não depositar sua confiança em coisa vãs, que nada aproveitam e tampouco podem acrescentar dignidade a ninguém.
 
A EXORTAÇÃO ENCONTRADA EM I TIMÓTEO 2.9 PROIBE O USO DE ADORNOS E ENFEITES?
Para muitos o texto é claro em firmar que as mulheres não devem usar qualquer tipo de joia, não frisem os seus cabelos e não comprem vestidos dispendiosos.
 
Será que Paulo aqui desconsiderou  posições como:

Anuncia que os verdadeiros salvos não são os guardadores da lei ‘pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa’ (Rm 4.14);
Protesta  contra os falsos irmãos “que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, e reduzir-nos à escravidão” (Gl 2.4);
Não aceita que a vida cristã seja reduzida a um sistema de “não manuseies isto, não proves daquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas de homens” (Cl 2.21,22).
 
Vejamos que Paulo não intenta proibir certos tipos de trajes.
O apóstolo busca, tão-somente, mostrar às mulheres que a verdadeira beleza não pode ficar resumida ao exterior, devendo sempre estar em companhia do crescimento espiritual.
 
Sua condenação ali não está nos objetos de adorno, mas na extravagância, na falta de bom senso, na ausência de pudor.
 
É necessário ler as ordens específicas de Paulo tendo em mente sua situação cultural. Ademais, deve-se saber distinguir entre aquilo que é mandamento específico e aquela situação da sociedade dos princípios universais de Deus.
 
Quando lemos I Tessalonicenses 5.26: “saudai a todos os irmãos com ósculo santo”, não devemos entender que essa ordem deve ser obedecida ao pé da letra, pois em algumas culturas homem beijar homem e indecoroso, enquanto em outras, como na Rússia, o ósculo entre pessoas do mesmo sexo é perfeitamente aceitável.
 
Quando Paulo manda beijar todos os irmãos, é preciso que se entenda o contexto histórico sem deixar de lado o princípio universal que o apóstolo quis ensinar: devemos tratar-nos afetuosamente.
É um absurdo forçar o texto lido para dizer que Paulo faz uma proibição.
 
A EXORTAÇÃO DE I PEDRO 3.1-4 PROIBE O USO DE ADORNO E ENFEI-TES?
Alguns usam o textos para afirmar que Deus proíbe o uso de adorno e enfeites(anéis, pulseiras, cordões e brincos). Será?
 
Na verdade não há condenação total de adornos e enfeites; a ênfase é que a ornamentação externa não deve prevalecer à interna. Pedro não quer dizer que é pecado o uso de adornos e enfeites; e sim, que eles não podem ser a maior razão de viver das mulheres.
 
Na verdade é bom que todo cristão saiba que a verdadeira doutrina bíblica não consiste em tentar vestir-nos como os contemporâneos de Jesus.
 
O TEXTO DE I CORÍNTIOS 11.3-16 PROIBE O CORTE DE CABELOS?
Os versículos escritos por Paulo à igreja de Corinto, tratando sobre os cabelos de homens e mulheres, são largamente citados por algumas igrejas como base para a “doutrina” que proíbe as mulheres de sequer aparar as pontas dos cabelos.
 
Veja o que diz um regulamento interno de uma igreja sobre o assunto.
 
“É proibido as irmãs cortarem o cabelo, mesmo aparar as pontas, usarem perucas, bobes, pintarem o cabelo ou esticarem, usarem penteados vaidosos que chamem a atenção” punição;
1ª vez – seis meses de suspensão;
2ª vez – um ano de suspensão;
3ª vez – exclusão.
 
O ministério não concorda baseado na Bíblia em Sl 4.2; I Co 11.14-16; Ef 4.17; Tt 2.12; I Pe 3.3-5.
 
E agora?
 
Reafirmamos que a recomendação de Paulo nada tem a ver com princípios e sim com a cultura.
Na verdade tudo era uma questão cultural, senão vejamos:

O véu é um costume antigo que não diz respeito à cultura ocidental(Gn 24.65);
Gradualmente os costumes foram mudando, e os cabelos longos das mulheres passaram a desempenhar a mesma função do véu;
A natureza como produção cultural, e não a natureza como ordenação de Deus, é que estabelece qual o tamanho do cabelo dos homens e das mulheres.
 
O que implica em dizer que as mulheres da igreja de Corinto viviam em meio a duas tradições distintas; Paulo, por ser judeu, propunha a manutenção do costume hebraico; logo, a questão do uso do véu ou dos cabelos compridos era apenas pertinente àquele contexto cultural.

Seria um absurdo imensurável pastores exigirem que seus membros adotem essa prática, já que as mulheres de suas congregações não estão inseridas na cultura dos judeus, tampouco na da Grécia antiga.
 
A questão dos cabelos longos para mulheres e curtos para os homens é meramente cultural. Paulo pede que esses preceitos sejam respeitados apenas no contexto de Corinto. Ele não poderia exigir que essas normas fossem obedecidas hoje, pois o véu e os cabelos compridos já não possuem a mesma significação daqueles dias.
 
Na antiguidade, uma mulher, através da sua maneira como cortava seus cabelos, podia transmitir lealdade ou insubmissão ao seu marido; hoje, contudo, a submissão de uma mulher é transmitida pela aliança que carrega no dedo da mão esquerda. Se o uso de cabelos longos naquela época simbolizava o mesmo pudor da utilização do véu, no mundo contemporâneo já não é assim.
 
Mas uma vez, deve-se levar em conta o princípio por detrás do costume e não o costume em si.
 
Qual seria o tamanho de cabelo ideal para caracterizar a submissão de uma mulher? Qual a medida de cabelos destinada a homens que determinaria a masculinidade de alguém?
 
Simplesmente não há parâmetros, a própria sociedade é quem decide essas questões.
 
Além disso, faz-se necessário lembrar que um ensino bíblico para ser válido, deve ter aplicabilidade universal.
 
Os batistas não são liberais como dizem muitos por ai. Somos moderados e apelamos para a consciência de cada um.
 
Entendemos também que em nada adianta fazer as coisas por força ou por regras, ou para agradar o pastor, diáconos ou obreiros outros.
 
As pessoas que fazem parte de uma igreja batista são livres, foram libertos por Cristo, logo devem viver a luz da moderação e da modéstia cristã.
 
No entanto, entendemos que pior é usar textos bíblicos indevidos para força a interpretação, levando as pessoas a tomarem decisões tendo como base uma meia verdade que não deixa de ser mentira.
 
Os legalistas erram. Erram feio, por usarem da mentira e por colocarem em jogo a Palavra de Deus que deve ser usada corretamente.
 
 

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