quinta-feira, 5 de junho de 2014

O DOM DE LÍNGUAS I - AS BASES E A HISTÓRIA DO FALAR EM LÍNGUAS

Introdução
Por muito tempo a experiência de falar em línguas foi limitada ao movimento pen-tecostal. No entanto, notamos que o fenômeno já não se restringem somente aos pentecostais.
 
Em nossos dias, outros grupos como presbiterianos, luteranos, metodistas, epis-copais, católicos romanos, batistas e outros tornaram-se envolvidos no falar em línguas.
 
E não só isso, algumas pessoas acham extremamente necessário o falar em línguas “estranhas”, bem como a necessidade de todo crente falar em línguas como prova de que a pessoa tem o Espírito Santo.
 
Diante do que mencionamos surgem as perguntas:
O que os batistas acham da questão?
Existe realmente uma necessidade absoluta do falar em línguas “estranhas”?
O dom de variedades de línguas é real e necessário em nossas igrejas hoje?
Como resposta imediata, podemos dizer que historicamente e doutrinariamente, os batistas convencionais não dotam o falar em línguas como prática.
 
E as razões são as seguintes:
 
O ALICERCE  BÁSICO DO FALAR EM LÍNGUAS NÃO SE ENCONTRA NA BÍBLIA
O alicerce básico da doutrina do falar em línguas é que a experiência se constitui em evidência essencial do enchimento do Espírito Santo.

Quando analisamos a afirmação mencionada descobrimos que tal alicerce se en-contra em contradição com o ensino bíblico.

Como assim?
Sabemos pelos relatos bíblicos que muitos cristãos ficaram cheios do Espírito San-to e nunca buscaram ou tiveram a experiência de falar em línguas.
 
OS GRANDE HOMENS DA HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ NUNCA FALA-RAM EM LÍNGUAS
Quando estudamos a história da Igreja Cristã, percebemos Deus trabalhando através de grandes homens. Tais homens demonstravam íntima comunhão com Deus, santidade e zelo pela obra missionária, no entanto, nenhum deles afirmaram a experiência de falar em línguas.
 
Vejamos alguns desses homens: João Wesley, Charles Finney, Martinho Lutero, João Calvino, Moody, George Whitefield, George W. Truett, Charles Haddon, Spurgeon, R.ª Torrey, Billy Sunday e Billy Graham.
 
O FALAR EM LÍNGUAS SEMPRE FOI PREJUDICIAL ÀS IGREJAS BATISTAS
Quando o falar em línguas aparece nas igrejas batistas sempre acontece divisão e discriminação.
 
O movimento sempre destrui em vez de construir; sempre causa briga em vez de paz; sempre separa em vez de unir; sempre causa danos em vez de benefícios.
 
OS BATISTAS NECESSITAM DAS VERDADES BÁSICAS DA BÍBLIA
Os membros das igrejas batistas precisam das verdades básicas da Bíblia, tendo como meta a maturidade cristã.
 
Que verdades são essas?
 
Vejamos:
• Estudar mais a Bíblia e orar constantemente;
• Viver a vida cristã santa e sob o controle do Espírito;
• Testemunhar para outras pessoas;
• Construir igrejas e lares fortes;
• Sustentar o programa de missões estaduais, nacionais e mundiais;
• Demonstrar o fruto do Espírito Santo em todas as áreas da vida.
Tudo isso é o que a Bíblia chama de edificação.

Os batistas não crêem no dom de línguas como crêem os pentecostais. Nossa in-terpretação sobre o uso do dom “variedades de línguas”  não é a mesma dos pen-tecostais,  nem dos  “carismáticos”.
 
No entanto, isso não quer dizer que não creiamos, ou que limitamos Deus em suas ações, mas que o ponto de vista que temos sobre o assunto é diferente ao ponto de vista dos grupos mencionados.
 
A posição dos batistas sobre o dom de línguas, que é a posição bíblica, tem seu fortalecimento através dos pontos que encontramos  na:
 
A HISTÓRIA DO FALAR EM LÍNGUAS
O “movimento de línguas” é um dos movimentos mais estranhos de toda história cristã.
 
Depois de desaparecer por centenas de anos, um homem na Inglaterra por nome Edward Irving, apresentou-se como profeta de Deus. Ele vestia-se como um pro-feta e usava cabelos longos, era alto e notável na sua aparência pessoal.
 
No entanto, o “movimento de línguas”  na América teve início em 01 de Janeiro de 1901, com Agnes Osman, uma estudante da Universidade Bíblica de Charles P. Parham, em Topeka, Kansas.
 
Mas na realidade, o dia 03 de abril de 1960, pode se considerado o aniversário do “movimento de línguas” dos dias modernos. O episódio foi marcado por Dennis Bunnett, pastor (reitor) da Igreja Episcopal de São Marcos em Van Nuya, Califór-nia. Na ocasião, ele renunciou a reitoria por causa do problema criado pela sua experiência em falar em línguas. Desde dia, “movimento de línguas” começou a ser divulgado.
 
Muito dizem que por vários anos “o falar em línguas” foi a marca registrada do movimento pentecostal. Mas isto não é verdade. Alguns grupos estranho ao meio evangélico cultivaram o “falar em línguas”.
 
Na verdade, até o início do movimento pentecostal moderno, que segundo alguns pode ser datado com o ministério de Mary Campbel, na Escócio e Eward Irving, na Inglaterra, iniciado em 1830, os únicos exemplos de falar em línguas ocorria entre as seitas que foram com freqüência imoral.
 
Vejamos, uma lista de alguns grupos que tem envolvimento com “o falar em lín-guas” no decorrer da história.
 
O montanismo
Surgiu em 155 dC., na Frígia, com Montano, que queria resolver os problemas de formalismo na igreja e a dependência da igreja da liderança humana, quando de-veria depender do Espírito Santo.
Montano fazia-se acompanhar por duas mulheres, Maxila e Prisca, que se diziam “profetisas” do movimento. Para o movimento, Montano era o próprio Espírito Santo e quem não tivesse os dons não poderia fazer parte da igreja.
 
As bases do movimento eram: a afirmação da doutrina do Espírito Santo e a Se-gunda vinda de Cristo. Havia entre os montanistas também a prática do falar em línguas estranhas, ou línguas dos anjos.
 
O montanismo foi rejeitado pelo Concílio de Constantinopla em 381 dC., sendo declarado pagão devido as práticas de extremismo e fanatismo.
 
Os místicos
Os místicos surgiram em 1400 dC., contra o formalismo. O movimento desejava um contato direto com Deus pela intuição ou pela contemplação e davam muito valor ao êxtase.
 
Os místicos estavam divididos em místicos latinos e teutões. Os latinos tinham como base as visões e o falar com Deus. Os teutões tinham como base a filosofia partindo para o panteísmo.
 
Os radicais místicos
Os místicos radicais surgiram em 1500 dC., tendo com liderança Kasper Shwenk-feld e Sebastian Franck. O movimento tinha como base o misticismo e criam numa direção interior do Espírito Santo.
Os místicos se achavam mestres em falar línguas estranhas.
 
Os jansenistas e Port Royal
Este grupo, e mais especialmente seus sucessores conhecidos como os “convulsi-onários”, falavam em línguas.

Os jansenistas eram católicos franceses nos primórdios da reforma protestante, e a seita deles foi finalmente suprimida pelas autoridades por causa das imoralidades praticadas entre eles.

Os espiritualistas primitivos
Eles eram mestres em falar em línguas. Uma certa senhora de nome Mary Smith, de Geneva, professava falar a língua de Marte.
 
A alegação de Mary se deu quando algum deste palavreados sem sentido foi transcrito, e os eruditos acharam que era aglomeração de sons arrastados, havendo a mistura de várias línguas.
 
Os agitadores
O grupo surgiu na América. Eles falavam em línguas. O movimento foi fundado por Ann Lee, que era conhecida por seus seguidores como “mãe Ann”, e que fez a afirmação de que ela era divina por isso deveria ser chamada de Ann, a Palavra.
 
O quietismo
O quietismo, surgiu na Europa Continental. O movimento surgiu dentro da Igreja Católica Romana e tinham como práticas o falar em línguas, o misticismo e o fana-tismo religioso.
Os líderes principais eram Michael Molins e Emanuel Swedenborg.
 
Os mórmons
A Igreja dos Santos dos Últimos Dias, os mórmons, também no início defendiam a necessidade do “falar em línguas”.
 
Religiões pagãs
A história das religiões pagãs relata casos de falar em línguas em muitos grupos religiosos que nada tinham com o cristianismo. A religião pagã em Corinto é um exemplo bem claro.
 
Outros
Charles R. Smtih, no seu livro, “Línguas na perspectiva bíblica” ,  tem um tratado excelente do falar línguas entre as religiões não-cristãs, como por exemplo: paci-entes mentais, espíritas, pessoas possessas, pessoas com desvios doutrinários, pessoas que vivem em imoralidade e em práticas hereges.
 
Conclusão
Como conclusão desta primeira parte, podemos dizer que historicamente e doutri-nariamente, os batistas convencionais não dotam o falar em línguas como prática.
 
Os batistas não crêem no dom de línguas como crêem os pentecostais. Nossa in-terpretação sobre o uso do chamado “línguas estranhas”  não é a mesma dos  pentecostais,  nem dos “carismáticos”.
 
No entanto, isso não quer dizer que não creiamos, ou que limitamos Deus em suas ações, mas que o ponto de vista que temos sobre o assunto é diferente ao ponto de vista dos grupos pentecostais.
 
E agora, a minha posição, como pastor batista é a seguinte(aqui vai a minha posi-ção):
• O dom de língua de fato é um dom(habilidade divina),  não depende do aprendizado humano, pois se caso fosse, seria um talento natural comum a todos os homens;
• O dom de línguas é inteligível e idiomática,  tendo como base a divulgação das boas novas aos povos  de línguas estrangeiras;
• O dom de línguas deve ser administrado conforme recomenda a Bíblia;
• O dom de línguas não se constitui sinal do batismo como Espírito Santo;
• O dom de línguas vem acompanhado de dom de interpretação;
• O dom de línguas como habilidade para uma igreja local não tem razão de ser em nossos dias, a não ser que tenhamos pessoas estrangeiras no meio da igreja local.

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