quinta-feira, 5 de junho de 2014

O POTENCIAL DO CONFLITO HUMANO

Todos nós sabemos que o conflito entre pessoas é tão antigo quanto a existência humana. Mas mesmo assim, muitas perguntas nos desafiam a uma reflexão. Entre essas perguntas, podemos destacar as seguintes: Por que muitos cristãos acham que um dos maiores problemas que o povo de Deus enfrenta é o conflito entre líderes? Por que a Igreja precisa ser um campo de discórdia? Por que muitos dos filhos de Deus encaram a palavra conflito como sendo diabólico?
 
É bom e agradável que os irmãos vivam em união, mas no dia-a-dia nem sempre isso acontece. Ás vezes ouvimos uma pessoa casada gabar-se de que ela e seu cônjuge jamais brigaram.
 
As pessoas que ouvem e param para pensar um pouco, reconhece pelo menos duas possibilidades por trás de tal declaração. Primeiro,  que a afirmação seja uma mentira, ou, segundo, que um dos dois parceiros não tenha idéias, aspirações, senso de valor e personalidade.
 
Se sabemos que o conflito é inevitável no relacionamento mais íntimo, que é o matrimônio, então por que fugir da idéia de conflitos entre os profetas de nosso Senhor?
 
Infelizmente alguns cristãos deram ao conflito humano apenas o lado negativo. Negaram o fato de que o conflito pode ser positivo, transformando-se em um potencial útil, desde que bem administrado.
 
Todos os profissionais que estudam o comportamento humano são unânimes em afirmar que é o elemento de conflito genuíno e honesto que ocasiona o crescimento dos indivíduos.
 
É no conflito que os indivíduos aprendem a dar e receber, a assumir compromissos criativos e corretos. Através do conflito, os relacionamentos buscados de maneira apropriada tornam-se fortes.
 
Aqui encontramos uma verdade que poucos conseguem enxergar: a idéia de unidade de propósito pode ser reforçada por meio de um conflito.
 
Os relacionamentos crescem ou desmoronam, não por causa da presença ou ausência de conflitos, mas pela maneira de lidar com eles. Para alguns cristãos a divergência significa rejeição. E aí,  todas as suas inseguranças vem à tona, surgindo daí o reforço de suas defesas.
 
Esses cristãos são incapazes de receber um ataque a suas idéias, sem se sentirem atacadas elas mesmas. Quando a pessoa de sente atacado, a defesa passa a qualquer custo a ser a regra áurea, gerando como resultado um grande dano, tanto para o que se defende, quanto para o antagonista.
 
É preciso que fique bem claro que apenas os que tem uma maturidade psicológica espiritual pode usar o conflito de maneira criativa. Quem não tem essa maturidade, sempre usa o conflito para destruir.
 
O conflito é provocado na verdade devido o fato de muitas igrejas não adotarem a prevenção contra conflitos. Quando as responsabilidades do líder não são definidas e o fluxo da autoridade permanece ambíguo, não é de admirar que os membros da liderança se choquem entre si quando executam suas tarefas. Em muitos casos, elaborar aquelas especificações e traçar aquele organograma continua a ser algo que pode ser feito depois. Enquanto isso, aparece o conflito.
 
Existem também o problema da programação. Cada membro da liderança de-monstra seu valor à congregação quando realiza programas bem-sucedidos e bem-freqüentados na área do ministério que atua.
 
Quando um ensaio do coral coincide com uma reunião de planejamento da Escola Bíblica Dominical, surge uma crise. Esse problema de programação é produzido pelo menos por duas causas definíveis e corrigíveis. Ou brota de uma falta de coordenação, ou então resulta de uma tentativa de produzir uma quantidade excessiva de programas em relação ao tempo disponível dos membros da igreja.
 
Uma outra razão para o surgimento de conflitos já é menos controlável. Por al-gumas razões, que não cabe discutir aqui, uma percentagem significativa de cris-tãos(pastores e membros de igrejas) tem uma necessidade de aprovação e de ouvir elogios que engrandeçam a sua pessoa.
 
Com esta necessidade embutida em sua personalidade, esses cristãos estão sempre procurando proteger-se e com isso provocam conflitos. Quando há uma auto-proteção, o ciúme apodera-se da pessoa causando assim a incapacidade para o regozijar-se com os que se regozijam, ou melhor, a vitória de outra pessoa significa a minha derrota, a sua derrota, às vezes, a minha vitória.
 
Os métodos para lidar com o conflito são poucos. As instruções mais práticas estão na Bíblia. Foi Jesus Cristo que ordenou a integridade pessoal e o encontro direto.
 
No conflito é preciso ter integridade para confessar que você está em falta com o seu irmão, e é preciso ter coragem para buscá-lo e procurar reconciliar-se. Por mais estranho que possa ser, na instrução bíblica existe uma técnica que não falha. A técnica que pode ser vista no ensino de Jesus Cristo se resume assim: quando alguém achar que algum irmão tem algo contra a sua pessoa, esta pessoa deve procurar aquele irmão.
 
No ensino de Jesus Cristo não há qualquer orientação para a pessoa se ocupar na colocação de culpas em alguém. É um ensino direto a respeito da primazia da comunhão. Ele também presume a natureza sensível do cristão em sua habilidade de tomar, por iniciativa própria, o caminho da reconciliação. É preciso notar algo que é muito importante, a saber: guardar mágoa ou provocar a ira de outrem é frontalmente contrário ao mandamento de nosso Senhor.
 
Na resolução do conflito devemos excluir o método da contradição, que infeliz-mente é o mais popular e destrutivo, adotado pelos cristãos em geral. O método consiste na idéia de que o povo de Deus fracassa quando entra em conflito consigo mesmo. Essa idéia nos torna mais fracos; mas pior do que isso, faz com que mintamos a nós mesmos. Proferimos amor e harmonia quando nosso interior está sendo roído pela animosidade. Apresentamos uma falange sólida à congregação, quando a briga entre a liderança é sangrenta.
 
Diante do que foi apresentado temos mais algumas perguntas, para futuras reflexões. Quando é que vamos aprender que a insinceridade com nós mesmos pode destruir-nos? Quando seremos fortes o suficiente para reconhecermos que somos humanos e não temos vergonha disso? Quando vamos ter a capacidade para reconhecer nossos conflitos, para que possam ser resolvidos?

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