terça-feira, 3 de junho de 2014

O DOM DE LÍNGUAS II - OS TEXTOS BÍBLICOS USADOS COMO FUNDAMENTO PARA O FALAR EM LÍNGUAS

Introdução
Após a introdução história sobre o movimento de línguas, veremos os textos usa-dos pelos pentecostais e “carismáticos”  como fundamento bíblico para o falar em línguas estranhas.
 
Quando estudamos o Novo Testamento, notamos que o mesmo se refere às lín-guas em vários lugares, no entanto, a experiência do falar em línguas acontece somente em três casos. Vejamos:
 
EM ATOS 2.1-11, NO DIA DE PENTECOSTES, EM JURUSALÉM
Encontramos aqui, o relato da descida do Espírito Santo sobre a Igreja Cristã pri-mitiva. Segundo o texto:
• Os discípulos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em línguas estrangeiras;
• O Dom de línguas dado aos discípulos  teve um propósito evangelístico(v11);
• O Dom de línguas se constituiu da habilidade dada pelo Espírito para falar nas línguas dos povos presentes em Jerusalém(veja vs 5,8-11);
• As línguas eram estrangeiras e não estranhas (Calcula-se que havia naquele dia em Jerusalém aproximadamente 16 idiomas representado, veja vs 8-11);
• Os discípulos foram capacitados para que falassem em línguas estrangeiras, línguas inteligíveis( os vocábulos gregos que aparecem no verso 4 e 11 para línguas é glossa, que quer dizer língua idiomática e o vocábulo grego que aparece no verso 8 para língua é dialektos, que significa idioma).
 
Em Atos 2.8, lemos: “como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua em que nascemos?” .
 
Não resta dúvida os discípulos do dia de Pentecostes falaram línguas estrangeiras tendo como base os seguintes:
• Para confirmar a promessa da vinda do Espírito Santo que estavam registradas em Isaías 44.3; Ezequiel 11.19 e 36.27; Joel 2.28,29; Za-carias 12.10; João 7.38,39.
• Para marcar o início da obra missionária a ser realizada através do Israel espiritual que é a Igreja de Jesus Cristo.
 
A experiência relatada em Atos 2.1-13 são marcos históricos, não sendo obrigado a sua repetição para confirmar a ação de Deus na vida do homem. Você já pensou se toda vez que alguém fosse se converter, Jesus Cristo tivesse que vir a terra novamente para ser crucificado?
 
É  claro que mediante a aceitação do sacrifício de Cristo na cruz é que obtemos a salvação, pela fé. No entanto, não precisamos exigir que Cristo morra novamente. O sacrifício feito por Jesus Cristo, a quase dois mil anos tem a sua plena validade para qualquer pessoa hoje.

Assim é a vinda do Espírito Santo ao mundo. Não é necessário que aconteça os mesmos fenômenos que aconteceram em Atos 2.1-47., para que creiamos na ação do Espírito Santo em nossos dias.
 
E uma coisa é certa: os judeus estão errados pois ainda esperam o Messias. E os pentecostais e os “carismáticos” estão errados e dando lugar as artimanhas de Satanás, pois ainda estão esperando para cada indivíduo a vinda ou a Segunda vinda do Espírito Santo.
 
Os acontecimentos registrados em Atos 2.1-13; em Atos 10.44-46 e Atos 19.1-6., não são obrigados a se repetirem na sua inteireza, pois são fatos históricos únicos que marcam etapas da revelação de Deus através da história da humanidade.
 
Em especial, o texto de Atos 2.1-13, é um marco histórico para os cristãos judeus que viram Deus confirmando as suas promessas registradas nas Escrituras hebrai-cas e nas próprias palavras de Jesus Cristo quando em seu ministério.
 
Concluímos aqui os seguintes:
• O falar em línguas no dia de Pentecostes era um sinal de que Deus havia con-firmado a sua promessa e que ali dava-se inicio a obra missionária(veja vs 16-20,21);
• A experiência que os discípulos tiveram no Dia de Pentecostes foi única, por-tanto histórica tanto para o povo judeu como para a Igreja Cristã.
• A experiência do falar em línguas estrangeiras foi dada somente aos discípulos, que eram judeus.
 
EM  ATOS 10.44-46, EM CESARÉIA
O texto narra sobre a manifestação do Espírito Santo que se deu através do Dom de Línguas dado a um grupo de pessoas que estavam com Cornélio.
 
O episódio é conhecido como “o pentecoste dos gentios”, por causa da grande semelhança com aquele que tinha acontecido em Jerusalém.
 
O acontecimento narrado no texto confirma a inclusão dos gentios na Igreja sem conversão ao judaísmo, como pensavam alguns que “era da circuncisão” (v45).
 
É  bom que se diga que a repetição em substância do que aconteceu na casa de Cornélio, revela a importância que a admissão dos gentios à plena comunhão tinha tanto para Lucas como para a Igreja Cristã primitiva.
 
O ponto relevante aqui não é o falar em línguas,  mas o fato de Deus também operar também no meio do povo gentil, no meio do povo que não pertencia ao povo Judeu.
 
Repetimos, o ponto relevante no texto não é o falar em línguas como querem os pentecostais e os “carismáticos” , mas a importância se encontra no fato de Deus também demonstrar também aos cristãos judeus que estava também operando no meio do povo gentil (veja vs 45,46).

A leitura do capítulo 11 de Atos justifica completamente a necessidade de aconte-cer em Cesaréia o que aconteceu, pois os gentios ou “incircuncisos”, conforme v3, não eram aceitos pelos cristãos judeus, por questões raciais. O argumento de Pedro (veja Atos 10.47 e 11.17) confirma que a maneira da manifestação do Espí-rito Santo, entre os cristãos gentios em Cesaréia ser parecida com a manifestação do Espírito Santo, entre os judeus, no dia de Pentecostes, ajudou na aceitação dos cristãos gentios por parte dos cristãos judeus, basta olhar Atos 11.18 para confir-mar tal coisa.
 
Com certeza o texto de Atos 10.44-46, é um episódio que marca a presença do Espírito Santos entre os gentios. Deixando claro que o evangelho não era algo exclusivo dos judeus.
 
Outro detalhe interessante que vemos no verso 46 é que o falar em línguas em Cesaréia foi identificado. Diz assim o texto: “porque os ouviam falar línguas e magnificar a Deus” . A expressão indica que havia um certo entendimento e uma razão que justificava o fenômeno.
 
As línguas faladas na casa de Cornélio foram um sinal para os infiéis (militares do exército romano, que eram convocados de todo o mundo, onde o império domina-va); foi também um sinal para a igreja judaica que ali estava representada.
 
Na realidade a casa de Cornélio estava cheia de gentios de várias procedências; Deus falou-lhes em suas próprias línguas. Por essa razão ocorreu novamente o fenômeno de serem faladas “outras línguas”.
 
EM ATOS 19.1-6, EM ÉFESO
O texto narra sobre a manifestação do Espírito Santo sobre alguns discípulos de João, o Batista. O episódio se constituem no cumprimento da profecia de Jesus Cristo no que diz  respeito al alcance do Evangelho até aos confins da terra(At 1.8).
 
Os pentecostais usam o texto para afirmar que é necessário que aconteça após o batismo nas águas, o batismo com Espírito Santo, sendo o sinal do batismo, “o falar em línguas”. Mas na realidade não é isso que o texto quer dizer, senão vejamos:
 
• De fato os discípulos encontrados não conheciam o Evangelho que fora prega-do pelos apóstolos. Eles só tinham o conhecimento da mensagem de João, o Batista (v1,4);
• De fato os discípulos encontrados conheciam apenas o ensino e o batismo de João, para o arrependimento dos pecados, e guardavam a vinda do Messias (At 18.24-28) . A expressão “...batismo de João...” que aparece em Atos 18.25 e Atos 19.3,4., indica:
• Que Apolo, um do grupo de discípulos de João, o batista, sabia que Jesus fora batizado por João, e, nessa base, proclamava Jesus como o Cristo, o Messias judaico. No entanto desconhecia inteiramente qualquer coisa sobre a mensagem messiânica mais comple-
ta, bem como sobre a perfeita e verdadeira natureza da pessoa de Cristo;
• Que o batismo que era administrado por João, o batista, bem como o seu sistema religioso, simbolizado por seu rito do batismo, era um chamamento
• ao arrependimento e ao reconhecimento de Jesus como o Messias prometido;
• Que na verdade, nem Apolo,  nem os seus companheiros conheci-am ainda o batismo cristão, ou seja o sistema de fé que fora de-senvolvido para formar o sistema cristão, formulado pelos apóstolos.
• De fato os discípulos encontrados não tinham nenhum conhecimento sobre o Espírito Santo, pois não tinham recebido quando creram(v2);
O texto deixa transparecer que Paulo acreditava que o pecador redimido recebe o Espírito Santo quando crê em Jesus Cristo (analise a expressão: “...recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? ...”
• De fato os discípulos tinham submetido ao batismo que não era igual ao ba-tismo da Igreja Cristã primitiva, pois:
• O batismo de João era um rito preparativo (de preparação), con-firmando arrependimento(Lc 3.8) e prontidão para a vinda do Messias;
• O batismo cristão, ao contrário do batismo de João,  é uma afirmação histórica e redentora de Cristo;
• O batismo cristão inclui arrependimento, mas também fala pro-fundamente da união do cristão com Cristo, em sua morte e res-surreição, algo que o batismo aplicado por João não antecipara.
 
E aqui cabe uma observação: seria uma contradição e uma mentira, dizer que ba-tizamos uma pessoa em nome “do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, enquanto que se espera ainda o batismo com Espírito Santo.
 
Quanto ao falar em línguas após a imposição de mãos, entendemos que:
• As línguas faladas tiveram como objetivo a evangelização, assim com nos dois casos já citados(v6);
• As línguas faladas eram uma confirmação da validade da experiência mística, o batismo do Espírito Santo.
• O batismo cristão, ao contrário do batismo de João,  é uma afirmação histórica e redentora de Cristo;
• O batismo cristão inclui arrependimento, mas também fala profundamente da união do cristão com Cristo, em sua morte e ressurreição, algo que o batismo aplicado por João não antecipara.
 
E aqui cabe uma observação: seria uma contradição e uma mentira, dizer que batizamos uma pessoa em nome “do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, enquanto que se espera ainda o batismo com Espírito Santo.
 
Quanto ao falar em línguas após a imposição de mãos, entendemos que:
• As línguas faladas tiveram como objetivo a evangelização, assim com nos dois casos já citados(v6);
• As línguas faladas eram uma confirmação da validade da experiência mística, o batismo do Espírito Santo.
 

Conclusão
Após os três casos mencionados, o assunto só volta a ser mencionado na problemática corintiana, muitos anos depois.
 
Com um estudo profundo dos textos aqui mencionados e normalmente usados pelos pentecostais e “carismáticos”, chegamos a conclusão que o que realmente falta no meio pentecostal e “carismático” é uma melhor compreensão dos textos.
 
Usar um dos textos para forçar a prática comum da variedade de línguas e querer que todos os crentes tenham o mesmo Dom é ignorar a variedade de dons que são extremamente necessários na igreja local.
 
Todos os textos mencionados são bíblicos-históricos e não podem ser tidos como base doutrinária, pois se todo o que acontece no livro de Atos fosse necessário acontecer na igreja, teríamos que aceitar sem reclamar a maneira de viver dos convertidos (At 2.45) e o caso de Ananias e Safira(At 5.1-11).
 
Ou melhor, os irmãos que possuem bens materiais deveriam vender seus bens e entregar aos que passam necessidade, sem contar que em cada igreja teria que ter um cemitério encostado, sendo necessário a existência de mais um oficial, o coveiro.

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