sábado, 23 de agosto de 2014

SOTERIOLOGIA - DOUTRINA DA SALVAÇÃO: OS CONCEITOS BÁSICOS DA DOUTRINA DA SALVAÇÃO

 
Por Francisco Fernandes
 
Introdução
Os conceitos trabalhados no presente texto tem como objetivos esclarecer temas centrais da Soteriologia, isto é a Doutrina da Salvação.
 
Cada vez mais escuto pregadores protestantes e evangélicos em seus sermões tratarem a Doutrina da Salvação conforme os moldes da Igreja Católica Apostostólica Romana, imbutindo de maneira sutil a salvação pela obras ou por méritos.
 
Ouvir uma padre ou orador Católico pregar a salvação por méritos é algo comum e aceitável pois afinal isso faz parte da doutrina Católica, mas ouvir de um pastor, evangelista, ou cristão protestante e/ou evangélico atribuir a salvação méritos humanos é desconsiderar toda a Doutrina da Salvação pregada pelos Pais da Igreja e posteriormente pelos Reformadores.
 
Daí a necessidade de uma explicação mais profunda e abrangente de alguns termos normalmente usados na ação salvadora que tem origem em Deus.
 
CONVERSÃO
Vocábulos do Velho Testamento - Hebraico
Nacham, que serve para expressar um profundo sentimento, ou tristeza.

Shubh, palavra mais comum para conversão, significa volver, voltar-se, virar e retornar.
 
Vocábulos do Novo Testamento - Grego
Metanoia, palavra mais comum para conversão no Novo Testamento, e também é o mais fundamental dos termos empregados.

Epistrophe, a Segunda palavra em importância depois de Metanoia. A palavra indica o ato final da conversão.
 
Conversão é o ato do pecador abandonar o pecado, para seguir a Jesus Cristo. A Conversão inclui arrependimento e fé; isto é, inclui o ato de abandonar o pecado e de seguir a Jesus Cristo, aceitando-o como salvador.
 
A conversão é resultado da liberdade do homem. É um ato praticado pelo próprio homem.

Na conversão o homem escolhe uma vida nova em resposta aos apelos que lhe são feitos pelo evangelho.
 
A conversão pode e deve repetir-se todas as vezes em que o homem pecar e afastar-se de Deus, porque ela consiste no ato de abandonar o pecado e aproximar-se de Deus(Lc 22.31,32; Jo 3.10).
 
REGENERAÇÃO
Vocábulos gregos que expressam regeneração.

Palingenesia,  que quer dizer: gerar, gerar de novo, dar a luz, dar nascimento.

Apokyeo, quer dizer: dar à luz, gerar, produzir.

Syzoopoieo, quer dizer: dar a vida com, vivificar com.
 
Regeneração é o ato inicial da salvação, em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo.
 
A regeneração é obra do Espírito Santo, em que o pecador recebe o perdão, a justificação, a adoção como Filho de Deus, a vida eterna e o Dom do Espírito Santo.
 
Na regeneração somos batizados no Espírito Santo, sendo por ele selado para o dia da redenção final, e é liberto do castigo eterno dos seus pecados.
 
Na obra da regeneração o homem é passivo, não havendo lugar para a cooperação do homem.
A regeneração é um ato instantâneo, que se dá uma só vez na vida.
 
A regeneração não é um processo. A preparação para a regeneração pode ser um processo.

Como a nascimento, a regeneração é um ato instantâneo, que se verifica uma só vez na vida da pessoa.
 
Uma definição completa:
Regeneração é uma mudança radical, operada pelo Espírito Santo na alma do homem, por intermédio da verdade evangélica, mudança pela qual se transforma completamente a disposição moral do homem, que se restaura de novo, na semelhança de Deus e se une a Jesus Cristo, a quem aceita como seu bendito e eterno Salvador.
 
NOVO NASCIMENTO
O novo nascimento é praticamente o mesmo que regeneração.
 
É o princípio da nova vida espiritual que Deus dá a quem,  até sua conversão, estava “morto nos delitos e pecados”, ou seja, espiritualmente morto para Deus, e que agora começa a “viver”, ou “passa da morte para a vida” (I Jo3.14).
 
Note-se bem: a conversão é o ato voluntário do homem; o Novo Nascimento é obra exclusiva de Deus, que não deixa de operá-la no momento em que o homem se converte.
 
Importante: para que aconteça a regeneração é necessário que o homem se converta, ou melhor, se arrependa de seus pecados e ponha sua fé em Jesus Cristo.
 
DIFERENÇA ENTRE OS VOCÁBULOS: REGENERAÇÃO E NOVO NASCIMENTO
Encontramos uma sutil diferença entre ao dois termos, a saber:
Regeneração é a geração, a produção da nova vida; o princípio da nova vida na alma.

Novo nascimento é o dar a luz, o nascimento; o princípio da nova vida na alma que se põe a afirmar-se em ação.
 
JUSTIFICAÇÃO
Vocábulo no Velho Testamento – Hebraico.

Hitsdik, que, na grande maioria dos casos, significa “declarar judicialmente que o estado de uma pessoa está em harmonia com as exigências da lei”.
 
Vocábulo no Novo Testamento – Grego
Dikaioo, verbo que em geral, se refere a “declarar que uma pessoa é justa”.
 
A justificação ocorre simultaneamente com a regeneração. É o ato pelo qual Deus, considerando os méritos do sacrifício de Cristo, absolve, no perdão, o homem de seus pecados e o declara justo, capacitando-o para uma vida de retidão diante de Deus e de correção diante dos homens.
 
É ainda o ato de Deus, em que ele declara o pecador regenerado; não somente livre da condenação, mas também restaurado à graça divina.
 
A base da justificação se encontra em Cristo e não no homem.
 
A condição para a justificação é a fé em Jesus Cristo. O homem é justificado pela fé, sem as obras da lei.
 
A justificação dá-se uma só vez na vida do crente, e isto logo no começo da vida cristã. Deus nos justifica na mesma hora em que nos regenera o Espírito Santo.
 
A justificação garante ao homem o direito de entrar livremente e desembaraçadamente na presença de Deus.
 
A justificação remove a culpa do pecado e restaura o pecador a todos os direitos filiais envolvidos em seu estado de filho de Deus, incluindo uma herança eterna.
 
A justificação dá-se fora do pecador, no tribunal de Deus, e não muda  a sua vida interior, embora a sentença lhe seja dada a conhecer na vida interna do homem.
 
SANTIFICAÇÃO
Vocábulo no Velho Testamento – hebraico.
Qadash, verbo, o vocábulo provavelmente quer dizer brilhar.

Vocábulo no Novo Testamento – Grego
Hagiazo, expressa primariamente a idéia de separação.
 
O termo é empregado de várias formas, como por exemplo: no sentido moral, com referência a pessoas ou coisas; ocasionalmente, num sentido ritual; empregado para denotar a operação de Deus pela qual, ele, especialmente por intermédio do seu Espírito, produz no homem a qualidade subjeti-va da santidade.
 
Hieros, descreve uma pessoa ou coisa como livre de profanação ou de iniquidade, ou mais ativamente, como cumprindo religiosamente toda a obrigação moral.

Hagnos, a idéia fundamental da palavra é a de liberdade da impureza e corrupção, num sentido ético.
Hagios, expressa adquirir uma significação ética.
 
Santificação é o processo que, principiando na regeneração leva o homem à realização dos propósitos de Deus para sua vida e o habilita a progredir em busca da perfeição moral e espiritual de Jesus Cristo, mediante a presença e o poder do Espírito Santo que nele habita.
 
A santificação ocorre na medida da dedicação do crente e se manifesta através de um caráter marcado pela presença e pelo fruto do Espírito, bem como por uma vida de testemunho fiel e serviço consagrado a Deus e ao próximo.
 
A santificação é o cultivo da vida espiritual para que a pessoa se aproxime mais da perfeição que há em Deus.
 
A regeneração torna a árvore boa, a santificação torna o fruto bom.
 
Na justificação, Deus justifica o injusto; mas na santificação, ele faz o injusto justo, e o ímpio santo.
Santificação é um processo pelo qual o crente se torna realmente santo e justo.
 
Na santificação, o crente alcança o alvo que Deus tinha em vista quando o regenerou.
 
A salvação como dádiva chama-se regeneração, mas como tarefa chama-se santificação. Não devemos no entanto, pensar que o homem pode santificar-se a si próprio. Ele não pode santificar, do mesmo modo que não se pode regenerar. Deus regenera e Deus santifica. Mas na santificação o homem não é tão passivo como na regeneração. Na santificação o crente precisa esforçar-se para progredir em santificação(Ef 6.10-28; II Co 10.5; Fil 2.12; I Pe 2.2).
 
O processo da santificação consiste numa luta sem tréguas entre as duas forças, mas a vitória final é certa.
 
A santificação é o processo de cristianizar o crente, e por isso mesmo é que ela é gradual.
 
A regeneração está para a santificação assim como o nascimento está para o crescimento. O crente, espiritualmente falando, pode nascer e continuar a ser criança.
 
A santificação consiste em duas partes:
A mortificação do velho homem, o corpo do pecado(Rm 6.6; Gl 5.24).

A vivificação do novo homem, criado em Cristo Jesus para as boas obras. Aqui a velha estrutura do  pecado vai sendo posta abaixo aos poucos, e uma nova estrutura  é erguida  em seu lugar. Esta faceta  positiva da santificação é chamada de ressurreição com Cristo(Rm 6.4,5; Cl 2.12; 3.1,2). A nova vida à qual ela conduz é chamada viver para Deus(Rm 6.11; Gl  2.19).
 
O processo de santificação é longo, e jamais alcança a perfeição nesta vida.

Ao que parece, a santificação do crente deve completar-se no exato momento da morte, ou imediatamente após a morte, no que se refere à alma, e na ressurreição, quanto ao concernente ao corpo.
 
RELAÇÃO DA SANTIFICAÇÃO COM OUTROS TERMOS DA ORDO SALUTIS (OBRA DE REDENÇÃO)
Santificação e Regeneração
Há aqui diferença e semelhança.
 
A regeneração é completada de uma vez, pois o homem não pode ser mais ou menos regenerado; está vivo ou morto espiritualmente.
 
A santificação é um processo que produz mudanças graduais, de sorte que é possível distinguir diferentes graus da santidade resultante. Daí, somos admoestados a aperfeiçoar a santidade, no temor do Senhor, II Co 7.1.
 
A regeneração é o princípio da santificação. A obra de renovação, iniciada naquela, tem prosseguimento nesta (Fp 1.6).
 
Santificação e Justificação
Na aliança da graça a justificação precede à santificação e lhe é básica. A justificação é a base judicial da santificação.
 
A justificação, como tal, não efetua mudança em nosso interior e, portanto, necessita da santificação como seu complemento. Não basta que o pecador tenha a posição de justo diante de Deus; é preciso também que ele seja santo em sua vida interior.
 
A justificação é o perdão do pecador pelo qual Deus declara justo o pecador. A santificação é a santificação do pecador, pela qual Deus declara “santo” o pecador.
 
Santificação e Fé
A fé é a causa mediata ou instrumental da santificação, como também da justificação. Não merece a santificação, como tampouco a justificação, mas nos une a Cristo e nos mantém em contato com aquele que é o cabeça da nova humanidade, a fonte da nova vida em nós, e também da nossa progressiva santificação, através da operação do Espírito Santo.
 
SANTIFICAÇÃO X IMPECABILIDADE
Alguns pregam a impecabilidade(Gnosticismo, neo-gnosticismo ou melhor, movimento do “novo nascimento” e seitas ligadas as Nova Era), mas tal doutrina não tem sustentação bíblica e prática.
 
A Bíblia nos dá explícita e mui definida segurança de que não existe ninguém na terra que não peque, I Rs 8.46; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.10; Tg 3.2; I Jo 1.8.
 
Segundo a Bíblia existe uma guerra constante entre a carne e o Espírito nas vidas dos filhos de Deus, e mesmo os melhores deles ainda estão lutando por perfeição, em sua existência terrena(Rm 7.7-26), passagem que certamente se refere a ele em seu estado regenerado. Em Gl 5.16-24 ele fala dessa mesma luta como sendo uma luta que caracteriza todos os filhos de Deus. Em  Fl 3.10-14 ele fala  de si próprio, praticamente no final de sua carreira, como alguém que ainda não alcançara a perfeição, prosseguindo avante para a meta.
 
Exigem-se continuamente a confissão de pecados e a oração pelo perdão. Jesus ensinou todos os seus discípulos, sem exceção nenhuma, a orar pelo perdão de pecados e pela libertação da tentação e do maligno(Mt 6.12,13). Além disso, os santos da Bíblia são constantemente descritos confessando os seus pecados (Jó 9.3; 20; Sl 32.5; 130.3; 143.2; Pv 20.9; Is 64.6; Dn 9.16; Rm 7.14).
 
Diante o que foi mencionado na definição sobre santificação, chegamos a conclusão de que nesta vida o crente jamais chegará a ficar completamente liberto do pecado.
 
No entanto, em Filipenses 3.4-14, Paulo deixa transparecer uma esperança. A esperança de chegar ao ponto, na sua vida, de ficar completamente liberto do pecado; a esperança de chegar aquele dia quando o crente não pecará mais.
 
Enquanto aqui na terra, o crente comete pecados, e até muitos. A vitória completa não se alcança aqui neste mundo. Desde o nascimento até a morte o crente tem que lutar, ora alcançando vitórias, ora sofrendo derrotas, mas o processo da santificação torna-se cada vez mais forte, e o pecado mais fraco.
Diante desses fatos, perguntamos: quando se libertará o crente, completamente do pecado?
 
Como já vimos não será nesta vida aquém da morte física. Mas certamente essa vitória gloriosa se realizará na vida do crente, e uma época chegará quando seremos isentos de todo e qualquer pecado.
 
O fim da santificação e da preservação tem que chegar em algum tempo; ou, pelo menos, há de chegar o crente a um estado em que estará livre do pecado.
 
Outras objeções a teoria da impecabilidade
A idéia tende a produzir naqueles que defendem um espírito de santificação própria e uma atitude farisaica para com os outros. Ficam julgando os outros.
 
Nunca é bom sinal para uma pessoa pensar que está livre do pecado. Quanto mais perto estamos de Deus, tanto menos aptos somos para pensar que estamos puros.
 
Normalmente quem defende a impecabilidade rebaixam o padrão de justiça. Por livres do pecado, tais pessoas entendem muitas vezes, livres de atos deliberados e conscientes de transgressão.
 
Perfeição: uma questão
E a perfeição? A Bíblia não diz que somos perfeitos?
Quando alguém vier discutir a perfeição, é bom saber primeiramente, o que entende por perfeição.
 
Qualquer pessoa poderia chegar um padrão de perfeição se a deixássemos rebaixá-lo suficientemente.
 
Qualquer pessoa poderia alcançar as estrelas se as pudesse aproximar da terra o suficiente.
 
O pecado não se extirpa completamente do coração do homem de uma só vez. Não se pode deixar de lamentar que os que defendem esse ponto de vista não vêem como deviam a natureza radical do pecado, e não compreendem a sua influência pertinaz sobre o homem.
 
Em I Co 2.6; Ef 4.13; Fil 3.15; Hb 5.14; 6.1, o vocábulo perfeito no grego indica um homem bem formado, bem desenvolvido e sincero.  Em alguns casos aparece a palavra “perfeito”, em outras “formado”.
 
Trataremos do assunto no próximo artigo “Refutando a idéia de perfeição e impecabilidade dos neo-gósticos, movimento do “novo nascimento”.
 
GLORIFICAÇÃO
A glorificação é o ponto culminante da obra da salvação. É o estado final, permanente, de felicidade dos que são redimidos pelo sangue de Cristo.
 
É o ato final do processo da salvação.

Em outra ocasião falaremos mais sobre a glorificação.
 
Conclusão
Diante do que foi apresentado, chegamos a conclusão de que a Salvação tem como origem e centro em Deus, através do sacrifício vicário de Cristo Jesus, cabendo ao ser humano apenas aceitá-la pela fé.
 
Todo cuidado é pouco para não atribuir ao homem o poder de salvação, portanto um estudo profundo desses conceitos são importantes para não corrermos o risco de passar para nossos ouvintes "meias verdades", pois as "meias-verdades" serão sempre "mentira".
 

sábado, 16 de agosto de 2014

UM RESUMO DAS VÁRIAS CORRENTES DE INTERPRETAÇÃO DO LIVRO DE APOCALISPE: A ESCATOLOGIA NA IGREJA PRIMITIVA

 
 

A doutrina do cristianismo sofreu variações pelo tempo.

Desde os tempos do Antigo Testamento, que o povo judeu ouvia dos profetas que haveria , em um futuro, ou um fim de todos os males, em que Deus castigaria os injustos. já no Novo Testamento, Jesus mesmo faz menção deste tempo (kairoi). Ou seja, haveria um (eschaton-kairos).

Diferenças na interpretação, tem se dividido entre os estudiosos. Isto se deu bem no tempo de Jesus Mt 16.1-4, de Paulo At 17.17,18.

Segundo Bultmann, Jesus esteve de acordo com os escribas de seu tempo, em observar a lei. Mt 19.16-22.

Desde o primeiro século dominou-se entre os apóstolos o desejo de entender o antigo testamento.

Em 130 d.C. Justino, o Mártir acreditava que Deus estaria a atrasar o fim do mundo porque desejava que o Cristianismo se tornasse uma religião mundial.

Contudo o método alegórico era praticado por Clemente de Alexandria, Orígenes e Santo Agostinho.
Já na escola de Antioquia, havia grupos que tentaram evitar o letrismo e a alegoria que havia em Alexandria.

Por volta do Século III a maioria dos professos cristãos acreditava que o fim dos tempos ocorreria depois de suas mortes.

Em 250 d.C. Cipriano, Bispo de Cartago, escreveu que os pecados dos cristãos eram um prelúdio e prova de que o fim dos tempos estava próximo.

Alguns, recorrendo às Tradições Judaicas, fixaram o fim das eras na Sexta Idade do Mundo.
Usando este sistema, o fim foi anunciado para 202 d.C., mas, quando esta data passou, foi fixada uma nova data.

Na época de Clóvis I, considerado o fundador da França e que se converteu ao catolicismo após ser entronizado como rei em 481 d.C., alguns escritores católicos haviam apresentado a ideia de que o ano 500 d.C marcaria o fim do mundo.

 Depois de 500 d.C., a importância e a expectativa da vinda do fim do mundo ou das eras como parte dos fundamentos do Cristianismo foi marginalizada e gradualmente abandonada.

Apesar disso, surgiu um temporário reavivamento dos temores relacionados com o fim dos tempos com a aproximação do milésimo ano do nascimento de Cristo.

Muitos acreditavam na iminência do fim do mundo ao se aproximar o ano 1000. Segundo consta, as atividades artísticas e culturais nos mosteiros da Europa praticamente cessaram.

Eric Russell observou no seu livro Astrology and Prediction: "'Em vista da proximidade do fim do mundo’ era uma expressão muito comum nos testamentos validados durante a segunda metade do Século X."

No seculo XII, surgiu Nicolau de Lyra que trouxe um significado importante do literal. Foi desta obra que Lutero se abrilhantou, e muitos creem que foi esta obra que influenciou-o a reforma (século XVI). Dai surgiu Calvino, e com ele surgiu grandes princípios para a interpretação moderna.

Foi dentro desta época que surgiram várias escolas especializadas em "escatologia", cada uma com suas interpretações:

APOCALIPSE
Primeira parte - Capítulos 1-19: Quatro visões

Escolas de interpretações:
Preterismo:
A realização, passando do primeiro século do texto literário. Aqui os fatos são reais.
 
Preterismo Parcial:
A maioria das profecias do Apocalipse cumpridas no primeiro século.
 
Explica os “mil anos” ou “milênio”, que se estende desde o primeiro século até a Segunda vinda de Cristo e o Juízo Final.
 
Preterismo completo:
Todas as profecias do Apocalipse cumpridas no primeiro século, incluindo a Segunda vinda e o Juízo Final.
 
Futurismo:
Futuro e, em alguns casos iminentes, cumprimento literal do texto em eventos reais.
 
Historicismo:
O texto é cumprido durante o período da história cristã. Ele é tomado como símbolo de acontecimentos reais, ao invés de literalmente considerá-los verdadeiros.
 
Idealismo:
Presente realização contínua de textos literários ou simbólicos eventos espirituais.
 
Segunda parte – Capítulo 20: Miênio e as Três visões
Comparação de ensinamentos milenares cristãos.
 
Pré-Milenismo:
É a Segunda vinda de Cristo antes de um período de mil anos, conhecido por alguns como m sábado de mil anos. É precedido por uma deterioração progressiva da sociedade humana, comportamento, e a expansão do mal através de um governo final ou reino.
 
Esta escola de pensamentos pode ser dividida em três interpretações principais: Dispensação, Tribulação Média/Arrebatamento Pré-Ira e Pré-milenismo ou ponto de vista Pós-Tribulação.
 
Pré-Milenismo dispensacional:
O arrebatamento da igreja ocorre pouco antes da tribulação de sete anos, quando Cristo voltar para os seus santos para encontrá-los no ar (ou no céu). Isto é seguido ela tribulação, o surgimento do anticristo para governar no mundo, o retorno de Cristo ao Monte das Oliveiras e Armagedom, resultando em um reino milenar do Messias sobre os judeus, centrado na nova Jerusalém.
 
Arrebatamento Pré-Ira:
O arrebatamento da igreja ocorre no meio do período de sete anos. A tribulação Média que mostra que o arrebatamento ocorre ao meio; o Arrebatamento Pré-Ira afirma que o arrebatamento ocorrerá em algum momento no meio da tribulação nos últimos 3,5 anos, mas antes da ira de Deus ser derramada sobre as nações.
 
Pré-Milenismo histórico ou Arrebatamento Pós-tribulacional:
O arrebatamento da igreja (o corpo de crentes) acontece após um período de grande tribulação, com a igreja sendo arrebatada para encontrar Cristo nos ares (céus) e indo acompanhada até a Terra para participar de sua regra (literal ou figurado) de mil anos.
 
Pós-Milenismo:
A Segunda vinda de Cristo é vista como ocorrendo após mil anos, o que muitos neste grau de pensamento acreditam ser iniciado com a igreja.
 
Esta opinião também é dividida em dois sub-graus de interpretação:
Revivalista pós-milenismo:
O milênio representa um período indeterminado de tempo marcado por uma recuperação gradual cristã, seguido do sucesso do evangelismo generalizado.
 
Após esses esforços, o retorno de Cristo é previsto.
 
Pós-Milenismo Reconstitucional:
a Igreja aumenta a sua influência através do evangelismo de sucesso e expansão, e finalmente, estabelece um reino teocrático de 1.000 anos de duração (literal ou figurado), seguido pelo retorno de Cristo.
 
Amilenismo:
Mil anos ou longo período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.

O reino milenar de Cristo, como retratado no livro do Apocalipse, é visto agora como Cristo reinando à direita do Pai.

O amilenismo, ou amilenianismo, na escatologia cristã, crê que o milênio de Apocalipse 20 deve ser interpretado simbolicamente.

Ao contrário do que a palavra deixa a entender, sendo ausência de milênio, o amilenismo crê num milênio, porém não da forma literal como os pré-tribulacionistas ou os pós-tribulacionistas.

O amilenismo clássico crê num milênio que iniciou-se com a primeira Vinda de Cristo, representando o período do Evangelho, que segue entre a Ressurreição de Cristo e a Segunda Vinda de Cristo.

Entende, assim, a primeira ressurreição de modo espiritual: se a segunda morte é a separação de Deus no lago de fogo, a primeira ressurreição é a união com Cristo até a ressurreição dos justos, para o juízo final.

Logo, espiritualmente, os mortos em Cristo já estariam participando do milênio no Paraíso, encontrados no Terceiro Céu.

Durante esse período, Satanás estaria preso de modo não total, ficando inerte, mas teria seu poder limitado com a morte e ressurreição de Cristo, de modo que não pode impedir o crescimento do Evangelho.

De modo geral, o Milênio, na visão amilenista, seria o período da Dispensação da Graça, onde os justos falecidos habitariam com Deus e Satanás teria seu poder limitado, culminando com a Volta de Cristo e com o Juízo Final e único, iniciando a Eternidade.

Pode ser difícil traçar uma linha fina entre Amilenismo, Pós-milenismo e Revivalismo.
 
O Amilenismo tende a acreditar que a sociedade, através da rebelião crescente, continue a se deteriorar, enquanto o Pós-Milenismo acredita que a Igreja irá influenciar o mundo produzindo mais justiça.
 

 

PALMAS PARA JESUS?... E JESUS PRECISA DE APLAUSOS?

 

Hoje é um costume bem comum na maioria das igrejas o "bater palmas para Jesus". Este costume pegou, não sei quem o inventou, mas pegou e hoje se bate palmas quase que interruptamente na grande maioria das igrejas.

Para o cristão evangélico e desacostumado e desavisado, ás vezes é uma tortura, mas este barulho a mais para muitos é bom, espontâneo e ensinado como sendo algo saudável.

Afirma-se que é um tipo de adoração, mas, na verdade, é uma novidade, algo que faz parte das inovações tantas que entraram nas igrejas, e muitas são confundidas com adoração, louvor e até práticas inerentes á salvação.
 
Como é que isso acontece? Mal o pregador ou o cantor abre a boca e já vem uma salva de palmas poluindo o recinto de culto como uma saraivada que transforma de repente o ambiente.

Estive recentemente numa igreja e logo o pregador pediu á igreja para bater palmas para Jesus antes de o pregador iniciar a sua prédica. O pregador, talvez sabendo que muita gente presente ali não concorda com esse costume, adiantou que as palmas não eram para o pregador, mas para Jesus.

Ai eu pensei em meus bostões? Será que ele perguntou para Jesus se ele gosta de palmas. Se fosse para um artista, com certeza essas palmas seriam muito bem recebidas com direito até os gritinhos histéricos.
 
É como alguém disse: “Eu não sei exatamente em que se transformou, ou foram transformadas, as igrejas. Penso num clube social-esportivo, num salão de festas, num partido político, num lugar onde se apresenta desfiles, calouros e afins”.

Mas é um fato, cada vez mais as igrejas se distanciam do seu projeto inicial e perdem a sua identidade como igreja e representante do reino de Deus aqui na terra.

Fico admirado como as pessoas gostam de "bater palmas para Jesus".

Fico pensando se algum pastor "quadrado" convidasse a igreja para adorar a Jesus, será que todos teriam prazer em adorar o Mestre? Adoração pressupõe humilhação, renúncia, choro, alegria espiritual, oração, louvores vindos do fundo da alma, contrição, arrependimento.

Tudo muito diferente de bater palmas e dar gritinhos como se estivesse em um show de algum artista renomado e midiático.

Na verdade, muitos pregadores estão sendo aplaudidos e ainda dizem que os aplausos são para Jesus.
 
Muitos são impostores que estão tentando ocupar o lugar daquele que merece a nossa adoração em espírito e em verdade. Aquele que verteu até a sua última gota de sangue para a salvação de nossas almas.
 
Pelo jeito, este costume pegou e hoje também já está nas igrejas tradicionais que geralmente são as últimas a "embarcar" nesta canoa furada.

Daqui a pouco, vão inventar mais coisas ou copiar mais costumes ultramodernos das chamadas igrejas neopentecostais.

O crente que gosta de adorar, e sente prazer e necessidade desta prática santa e maravilhosa, vai ter que literalmente entrar no quarto e ali, sozinho, adorar ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, pois cada vez mais os nossos cultos são semelhantes a shows com direito a todo tipo de parafernália tecnológica que já tomou conta das igrejas.

E haja "salva de palmas para Jesus!".

O pior é que tem pregadores usam de textos bíblicos, forçando uma interpretação aonde são quebradas todas as regras da Hermenêutica e Exegética para afirmar que esse costume de “bater palmas para Jesus” é uma prática bíblica.

Outra coisa que incomoda é o fato dos cristãos que lotam os templos e afirmam conhecer a Bíblia Sagrada aceitarem e participarem pacificamente dessas práticas sem reconhecer que elas são frutos do emocionalismo humano e que muitas das vezes nada tem haver com a ação divina.

É um fato: muitos cristãos esquecem que existe a verdadeira e a falsa adoração, vejamos textos bíblicos que falam da verdadeira adoração: Lv 10.3; Sl 29.2; 89.1, 7; 93.5; Ec 5.1; Hc 2.20; Jo 4.24.

Resumindo, quando a adoração sai daquilo que determinada a Palavra de Deus deve-se se fazer uma reflexão baseado em Habacuque capítulo 5, pois existe uma grande chance de algo estar errado, tornando-nos tolos diante do altar do Senhor.