sábado, 16 de agosto de 2014

UM RESUMO DAS VÁRIAS CORRENTES DE INTERPRETAÇÃO DO LIVRO DE APOCALISPE: A ESCATOLOGIA NA IGREJA PRIMITIVA

 
 

A doutrina do cristianismo sofreu variações pelo tempo.

Desde os tempos do Antigo Testamento, que o povo judeu ouvia dos profetas que haveria , em um futuro, ou um fim de todos os males, em que Deus castigaria os injustos. já no Novo Testamento, Jesus mesmo faz menção deste tempo (kairoi). Ou seja, haveria um (eschaton-kairos).

Diferenças na interpretação, tem se dividido entre os estudiosos. Isto se deu bem no tempo de Jesus Mt 16.1-4, de Paulo At 17.17,18.

Segundo Bultmann, Jesus esteve de acordo com os escribas de seu tempo, em observar a lei. Mt 19.16-22.

Desde o primeiro século dominou-se entre os apóstolos o desejo de entender o antigo testamento.

Em 130 d.C. Justino, o Mártir acreditava que Deus estaria a atrasar o fim do mundo porque desejava que o Cristianismo se tornasse uma religião mundial.

Contudo o método alegórico era praticado por Clemente de Alexandria, Orígenes e Santo Agostinho.
Já na escola de Antioquia, havia grupos que tentaram evitar o letrismo e a alegoria que havia em Alexandria.

Por volta do Século III a maioria dos professos cristãos acreditava que o fim dos tempos ocorreria depois de suas mortes.

Em 250 d.C. Cipriano, Bispo de Cartago, escreveu que os pecados dos cristãos eram um prelúdio e prova de que o fim dos tempos estava próximo.

Alguns, recorrendo às Tradições Judaicas, fixaram o fim das eras na Sexta Idade do Mundo.
Usando este sistema, o fim foi anunciado para 202 d.C., mas, quando esta data passou, foi fixada uma nova data.

Na época de Clóvis I, considerado o fundador da França e que se converteu ao catolicismo após ser entronizado como rei em 481 d.C., alguns escritores católicos haviam apresentado a ideia de que o ano 500 d.C marcaria o fim do mundo.

 Depois de 500 d.C., a importância e a expectativa da vinda do fim do mundo ou das eras como parte dos fundamentos do Cristianismo foi marginalizada e gradualmente abandonada.

Apesar disso, surgiu um temporário reavivamento dos temores relacionados com o fim dos tempos com a aproximação do milésimo ano do nascimento de Cristo.

Muitos acreditavam na iminência do fim do mundo ao se aproximar o ano 1000. Segundo consta, as atividades artísticas e culturais nos mosteiros da Europa praticamente cessaram.

Eric Russell observou no seu livro Astrology and Prediction: "'Em vista da proximidade do fim do mundo’ era uma expressão muito comum nos testamentos validados durante a segunda metade do Século X."

No seculo XII, surgiu Nicolau de Lyra que trouxe um significado importante do literal. Foi desta obra que Lutero se abrilhantou, e muitos creem que foi esta obra que influenciou-o a reforma (século XVI). Dai surgiu Calvino, e com ele surgiu grandes princípios para a interpretação moderna.

Foi dentro desta época que surgiram várias escolas especializadas em "escatologia", cada uma com suas interpretações:

APOCALIPSE
Primeira parte - Capítulos 1-19: Quatro visões

Escolas de interpretações:
Preterismo:
A realização, passando do primeiro século do texto literário. Aqui os fatos são reais.
 
Preterismo Parcial:
A maioria das profecias do Apocalipse cumpridas no primeiro século.
 
Explica os “mil anos” ou “milênio”, que se estende desde o primeiro século até a Segunda vinda de Cristo e o Juízo Final.
 
Preterismo completo:
Todas as profecias do Apocalipse cumpridas no primeiro século, incluindo a Segunda vinda e o Juízo Final.
 
Futurismo:
Futuro e, em alguns casos iminentes, cumprimento literal do texto em eventos reais.
 
Historicismo:
O texto é cumprido durante o período da história cristã. Ele é tomado como símbolo de acontecimentos reais, ao invés de literalmente considerá-los verdadeiros.
 
Idealismo:
Presente realização contínua de textos literários ou simbólicos eventos espirituais.
 
Segunda parte – Capítulo 20: Miênio e as Três visões
Comparação de ensinamentos milenares cristãos.
 
Pré-Milenismo:
É a Segunda vinda de Cristo antes de um período de mil anos, conhecido por alguns como m sábado de mil anos. É precedido por uma deterioração progressiva da sociedade humana, comportamento, e a expansão do mal através de um governo final ou reino.
 
Esta escola de pensamentos pode ser dividida em três interpretações principais: Dispensação, Tribulação Média/Arrebatamento Pré-Ira e Pré-milenismo ou ponto de vista Pós-Tribulação.
 
Pré-Milenismo dispensacional:
O arrebatamento da igreja ocorre pouco antes da tribulação de sete anos, quando Cristo voltar para os seus santos para encontrá-los no ar (ou no céu). Isto é seguido ela tribulação, o surgimento do anticristo para governar no mundo, o retorno de Cristo ao Monte das Oliveiras e Armagedom, resultando em um reino milenar do Messias sobre os judeus, centrado na nova Jerusalém.
 
Arrebatamento Pré-Ira:
O arrebatamento da igreja ocorre no meio do período de sete anos. A tribulação Média que mostra que o arrebatamento ocorre ao meio; o Arrebatamento Pré-Ira afirma que o arrebatamento ocorrerá em algum momento no meio da tribulação nos últimos 3,5 anos, mas antes da ira de Deus ser derramada sobre as nações.
 
Pré-Milenismo histórico ou Arrebatamento Pós-tribulacional:
O arrebatamento da igreja (o corpo de crentes) acontece após um período de grande tribulação, com a igreja sendo arrebatada para encontrar Cristo nos ares (céus) e indo acompanhada até a Terra para participar de sua regra (literal ou figurado) de mil anos.
 
Pós-Milenismo:
A Segunda vinda de Cristo é vista como ocorrendo após mil anos, o que muitos neste grau de pensamento acreditam ser iniciado com a igreja.
 
Esta opinião também é dividida em dois sub-graus de interpretação:
Revivalista pós-milenismo:
O milênio representa um período indeterminado de tempo marcado por uma recuperação gradual cristã, seguido do sucesso do evangelismo generalizado.
 
Após esses esforços, o retorno de Cristo é previsto.
 
Pós-Milenismo Reconstitucional:
a Igreja aumenta a sua influência através do evangelismo de sucesso e expansão, e finalmente, estabelece um reino teocrático de 1.000 anos de duração (literal ou figurado), seguido pelo retorno de Cristo.
 
Amilenismo:
Mil anos ou longo período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.

O reino milenar de Cristo, como retratado no livro do Apocalipse, é visto agora como Cristo reinando à direita do Pai.

O amilenismo, ou amilenianismo, na escatologia cristã, crê que o milênio de Apocalipse 20 deve ser interpretado simbolicamente.

Ao contrário do que a palavra deixa a entender, sendo ausência de milênio, o amilenismo crê num milênio, porém não da forma literal como os pré-tribulacionistas ou os pós-tribulacionistas.

O amilenismo clássico crê num milênio que iniciou-se com a primeira Vinda de Cristo, representando o período do Evangelho, que segue entre a Ressurreição de Cristo e a Segunda Vinda de Cristo.

Entende, assim, a primeira ressurreição de modo espiritual: se a segunda morte é a separação de Deus no lago de fogo, a primeira ressurreição é a união com Cristo até a ressurreição dos justos, para o juízo final.

Logo, espiritualmente, os mortos em Cristo já estariam participando do milênio no Paraíso, encontrados no Terceiro Céu.

Durante esse período, Satanás estaria preso de modo não total, ficando inerte, mas teria seu poder limitado com a morte e ressurreição de Cristo, de modo que não pode impedir o crescimento do Evangelho.

De modo geral, o Milênio, na visão amilenista, seria o período da Dispensação da Graça, onde os justos falecidos habitariam com Deus e Satanás teria seu poder limitado, culminando com a Volta de Cristo e com o Juízo Final e único, iniciando a Eternidade.

Pode ser difícil traçar uma linha fina entre Amilenismo, Pós-milenismo e Revivalismo.
 
O Amilenismo tende a acreditar que a sociedade, através da rebelião crescente, continue a se deteriorar, enquanto o Pós-Milenismo acredita que a Igreja irá influenciar o mundo produzindo mais justiça.
 

 

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